Estudo e mapeamento de SJDR realizado pelos projetos de pesquisa e extensao Sistema de Equipamentos Coletivos e Espaços Publicos na UFSJ.
Equipamentos Coletivos Educacionais e Espaços Públicos
Estudo do território, dos espaços educativos e do processo de implantação da Educação em
tempo integral no Município de São João del-‐Rei/MG
Alice Aldina S. Dias José Mário Dominello Adriana Gomes do Nascimento Universidade Federal de São João del-‐Rei FNDE ␣ Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Educação Integral na Região das Vertentes /São João del-‐Rei coordenado pelo prof. Levindo Diniz Carvalho , PME no seu processo de implantação na cidade de São João del-‐Rei.
Os espaços coletivos educativos são referências para a compreensão da cidade e da formação de núcleos urbanos onde se concentram as atividades fundamentais, que interessam a um grande número de pessoas ou das quais a maioria necessita. Esses núcleos foram denominados por Manuel Castells como centros urbanos. Nestes são implantados comércio, serviços, equipamentos urbanos, gestão administrativa, financeira e política, e não coincidem necessariamente com uma centralidade geográfica. O surgimento de centros urbanos permite a coordenação das atividades, a identificação e a criação das condições necessárias à comunicação entre os usuários. A escola, enquanto equipamento coletivo de disseminação de conhecimento e valores, é um importante elemento gerador de centralidades de caráter simbólico, ou seja, ligados à formação e organização da cidade.
Podemos perceber em São João del-‐Rei uma concentração de equipamentos educativos nas três principais centralidades da cidade: Centro, Fábricas e Matozinhos. (Mapa 1) A primeira compõe o núcleo principal da cidade; a segunda simboliza o período de desenvolvimento econômico da comarca com a instalação na região das fábricas de tecido e da estrada de ferro no final do século XIX; e, a terceira, apesar de retomar o processo de formação da cidade, emergiu como um dos centros de maior relevância para o município com o loteamento das chácaras fundadas pelos paulistas. Ao mesmo tempo, temos uma ausência de escolas nas demais áreas. (Mapa 2) Destacamos as áreas da cidade que atualmente passam por um processo de expansão, com a formação de novos loteamentos e consequente fluxo migratório, sem o planejamento e criação de uma estrutura educacional adequada.
Mapa 1. Áreas com concentração de escolas.
Mapa 3. Área rural e núcleo urbano do município.
Neste sentido também podemos refletir sobre a relação entre o espaço urbano e o rural. (Mapa 3) O mesmo processo acontece no meio rural, áreas com concentração de equipamentos coletivos educativos e áreas com carência desses. No entanto, outros dois critérios devem ser considerados: a maior distância entre as moradias e os centros urbanos e o difícil acesso aos locais e serviços. Quanto maior a distância da moradia (fazenda, sítio) até a escola, maior será a dificuldade para acessá‐la, maior será o tempo gasto no percurso e maior será o desgaste sofrido pelo aluno. A maioria dos povoados não possui transporte adequado e em alguns casos isto impede a implantação do sistema de tempo integral na escola. A falta de infraestrutura adequada e sistema de transporte que garanta o acesso dos alunos aos equipamentos educativos gera isolamento e déficit educacional.
CONCLUSÃO
A produção da cartografia de apoio - mapas temáticos, mapas de caracterização e distribuição da população e seus movimentos, mapas de infraestrutura urbana e mapas de atividades econômicas predominantes - pode colaborar com uma leitura da cidade mais coletiva, complexa, intersetorial e que relacione os aspectos da cidade na tentativa de compreender a rede que a envolve, caminhando para além de uma visão fragmentada da sociedade. O cruzamento de outras informações com esses mapas também podem contribuir para uma melhor compreensão da cidade.
Ao lançarmos o olhar sobre a cartografia, obtemos, por meio de uma análise de forma-‐conteúdo, o modo como os equipamentos educacionais de ensino básico se situam espacialmente perante outros equipamentos coletivos educativos ou em relação a áreas com potencial de uso para o processo educacional, apresentando certa desigualdade entre centros e periferias, e entre campo e cidade. Essas análises servem não apenas à pesquisa, mas também, com seu caráter de extensão, ao planejamento e gestão urbanas, dando a possibilidade de um olhar especializado à administração pública e assim instrumentos para um processo decisório consciente, equilibrado e coerente com a realidade do município. E por fim, para tanto é necessário o debate sustentado pela troca de informações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, M. A Questão Urbana. RJ: Paz e Terra, 2009.
MARTINELLI, Marcelo. Mapas da geografia e cartografia temática. 5.ed. São Paulo: Contexto, 2009.
NAME, Leo & LONTRA NACIF, Cristina. Notas sobre mapas, mapeamentos e o planejamento urbano participativo no Brasil na perspectiva de uma cartografia crítica. Biblio 3W. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 25 de marzo de 2013, Vol. XVIII, no. 1018. .
Mapa 2. Áreas com carência de escolas.
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